E através dos livros também muito se aprende.
Com os livros de Victoria Hislop, já abordei alguns temas
interessantes. No primeiro livro, A Ilha que li em outubro de 2007, descobri Spinalonga, uma ilha ao largo de Creta na Grécia, que foi uma das últimas colónias de leprosos a ser desativada.
Depois, com A Arca, aprendi um pouco mais sobre o passado da
Grécia, através da história de Tessalonica, a segunda maior cidade grega - as
grandes catástofres que a atingiram e condicionaram o seu crescimento, como o grande
incêndio em 1917, o acolhimento dos gregos exilados de Esmirna em 1922, e mais
tarde o extermínio de quase todos os habitantes judeus durante a ocupação alemã
em 1941 e 1942.
Neste novo livro, Hotel Sunrise, Victoria Hislop aborda uma
outra ilha – o Chipre, e principalmente uma cidade, Famagusta.
Famagusta, com uma localização excecional e um clima
fabuloso, era um dos destinos paradisíacos mais cobiçados pelos turistas nos
anos 60/70.
Hoje, Famagusta, é uma cidade fantasma, um paraíso perdido. Uma
cidade refém da República Turca de Chipre do Norte (república nunca reconhecida
pela ONU, apenas pela própria Turquia, e que ocupa ilegalmente o terço norte da
ilha de Chipre).
Chipre está literalmente dividido. A chamada linha verde é um muro que subsiste em plena Europa do século XXI. |
Neste livro, a autora mais uma vez apresenta-nos a história
de um país, de uma cidade, através da história de duas famílias. No meio da ação, em
1974, encontramos uma família greco-cipriota e outra turco-cipriota, cuja
amizade, tão comum por toda a ilha, demonstra o quão os governantes por vezes se
encontram alheados da realidade social.
Unidos, embora destituídos dos seus lares, eles celebram o passado
e enfrentam o futuro. Encontram refúgio na sua amizade e num dos hotéis mais
famosos de Famagusta, o Hotel Sunrise. Ali sobrevivem durante alguns meses, até
que o inevitável acontece e eles são obrigados a abandonar definitivamente a
sua terra, rumo ao desconhecido.
E tudo isto porquê?
A mesma rua em Famagusta em 1974 (em cima) e hoje em dia (em baixo). |
Enfim, "Hotel Sunrise" é mais um livro admirável desta autora
que não tem medo de abordar questões controversas e delicadas. Escrito de forma
exemplar, mistura habilmente a realidade com a ficção e conquista o leitor com o
suspense e dramatismo q.b. na ação que não desilude.
Merece as minhas 6 estrelas!
Uma leitura excelente que nos ajudará a perceber um pouco
melhor a crise no Chipre.
Recomendo sem hesitações.
Para mais informações queiram visitar a página do livro no site da Porto Editora » aqui.