“Vai
e Põe uma Sentinela” é um título estranho para um livro. Mas tal como no “Por
Favor Não Matem a Cotovia” ou “Matar a Cotovia”, a meio do livro, a escolha
revela-se perfeita. Entendemos o significado, e achamos que outro título não
faria mais sentido.
Este
livro, que tanta tinta já fez correr nas notícias, não é "o novo livro de
Harper Lee”, nem uma sequela ou prequela do “Por Favor Não Matem a Cotovia”. É
talvez uma espécie de primeiro esboço para esse livro que se tornou num
clássico da literatura americana. O facto de termos a oportunidade de o ler é
já de si fantástico, pois em condições normais, ele muito provavelmente teria
sido destruído.
Mas
“Vai e Põe uma Sentinela” continua a fazer correr tinta. As opiniões de quem já
o leu contradizem-se: uns acham que foram enganados, outros confessam-se desiludidos,
outros ainda acham-no perfeito, enfim… Para mim, um livro que causa tanta
divergência de opiniões, é no mínimo interessante, e há que tirar as dúvidas
nós próprios, não concordam?
Após
ter adorado ler o “Por Favor Não Matem a Cotovia”, fiquei feliz por poder
reencontrar as duas personagens principais: a pequena Scout - Jean Louise Finch
– agora uma jovem senhora, que vive em Nova Iorque, e que regressa à sua cidade
natal para uns quantos dias de férias, e Atticus Finch, já reformado e algo
debilitado fisicamente, que é uma personagem que ainda me fascina, não só pela sua presença de espírito, como pela sua eloquência.
A
ação desenrola-se em Maycomb, que apesar de terem passado cerca de 20 anos,
continua a ser uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos, onde a mesma
conservadora comunidade tenta preservar intactos certos valores… como o
preconceito e o racismo.
Não
posso desenvolver muito sobre a história em si, não quero "estragar-vo" a leitura, mas digo-vos que ler este livro levou-me
a refletir imenso. É que para mim, “Vai e Põe uma Sentinela”, é uma história
sobre a mudança. O tempo passa, e naturalmente as coisas mudam. É inevitável.
Tal como é inevitável crescermos e percebermos que as coisas que tínhamos como
certas quando éramos crianças, afinal não o são. Esse é o fim do
deslumbramento. O fim da infância. Por vezes este é um processo lento, quase
que agradável. O livro “Vai e Põe uma Sentinela” é um lembrete em como na maior
parte das vezes esse processo não é nem lento, nem agradável.
Gostei
imenso e recomendo sem hesitações.
Recomendo igualmente que, se ainda não o fizeram, leiam o “Por Favor Não Matem a Cotovia”.
Para mais informações sobre este livro podem espreitar aqui ou visitar a página do mesmo no site da Editorial Presença » aqui.