Sabem que ainda me lembro do meu número de leitor? Era o 6180! E é com muita saudade que me lembro das horas que lá passava quando era miúda, à procura de livros para ler, e mais tarde, já adolescente, a estudar, consultando a internet de antigamente = as grandes enciclopédias.
Em relação aos livros que levava para ler em casa - nem todos podiam sair da biblioteca - lembro-me que só podia levar três de cada vez e que eu achava sempre que eram poucos, pois sabia que o primeiro, muito provavelmente, estaria despachado no dia seguinte. O que vale é que a biblioteca era a 50 mt da minha casa, pelo que voltar lá não era assim um grande problema.
Eu adorava procurar livros para ler... Eles não estavam acessíveis, como hoje em dia. A grande maioria dos livros, para aí 95%, estavam guardados em arquivo só acessível aos bibliotecários. Existiam uns três ou quatro armários de arquivo enormes, exatamente como os da foto, com gavetões compridos e estreitos onde cada livro tinha uma ficha individual manuscrita, com os seus dados (autor, tradutor, editora, sinopse, localização, etc). Era por aí que escolhia os livros que queria ler, apontava o seu número num papel e entregava ao bibliotecário de serviço para os ir buscar. Às vezes os livros que eles traziam não era exatamente o que eu estava à espera e lá regressava aos arquivos para escolher outros.
São estes velhos tempos de menina, em que os livros já ocupavam um lugar importante na minha vida. :)
💜 Sobre a Biblioteca Municipal de Belém: 💜
Encontra-se instalada em parte do Palácio Angeja, um edifício setecentista situado na Rua da Junqueira, em Belém, Lisboa.
Mandado construir por D. Pedro José de Noronha após o devastador terramoto de 1755, o Palácio passou por diversas fases, após ter servido de lar para os Marqueses de Angeja, foi convertido em prédio de rendimento em 1910 (destacando-se Almeida Garrett entre os moradores que albergou) e, posteriormente, num colégio reservado aos familiares de pescadores da frota bacalhoeira.
Em 1962 foi finalmente adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa, que o transformou em Biblioteca, inaugurada a 11 de junho de 1965, e mantendo-se aberta ao público até aos dias de hoje.