Sinto que por vezes a leitura de um determinado livro
deveria ser acompanhada por um ambiente a condizer. Neste caso, aconselho-vos a
escolher um local sossegado da vossa casa, e à noite, bem sentados num sofá ou
numa poltrona, coloquem a música que partilho. A sério! Experimentem só ler a
sinopse do livro ao som daquilo. Já o fizeram? Pois foi exatamente assim que me
senti ao ler “Levaram Annie Thorne”, o novo livro de C. J. Tudor.
Recuperando um pouco o estilo do primeiro livro, aqui também
a história nos é contada na primeira pessoa por Joe Thorne. Joe é o verdadeiro
anti-herói, e se acabaram por gostar de Eddie (em O Homem de Giz), Joe Thorne
já não é tão “apetecível” quanto ele. Joe é alguém que vive condicionado pelo
passado, um homem-sombra do que foi ou do que poderia ter sido, alguém que
parece ter desistido da vida. Bem, Joe está de regresso à sua cidade natal,
Arnhill em Nottinghamshire, pois recebeu um email que lhe suscitou curiosidade.
SEI O QUE ACONTECEU À SUA IRMÃ. ESTÁ A ACONTECER DE NOVO.
Joe embarca então nesta aventura, regressando a Arnhill como
professor substituto num colégio local. Embora as coisas não lhe sejam
favoráveis, Joe vai rumando contra a maré para tentar entender o que o presente
tem a ver com o passado, e acima de tudo, descobrir os responsáveis.
Abordando alguns temas interessantes como o bullying, os
problemas que advêm de certos vícios, como o jogo ou a droga, a desertificação
do interior outrora industrial, e até a corrupção do governo local, C.J. Tudor
acaba por nos levar a refletir um pouco sobre a realidade dos nossos dias, à
medida nos vai contando uma história de terror, muito ao género de Stephen
King.
Para mim, um bom thriller tem de me espicaçar a curiosidade,
fazer-me trazer ao de cima a detetive que há em mim, e C. J. Tudor consegue-o.
Os seus livros fazem-me lembrar um pouco os thrillers clássicos, não só pelo
seu estilo de escrita como também pelos pormenores que ela incorpora na história.
Agradou-me principalmente a inclusão do elemento sobrenatural. Foi mesmo a
cereja no topo do bolo - podre e decadente, como se quer neste caso. 😉
Gostei. Acho que os que ficaram fãs de O Homem de Giz irão deliciar-se com este
novo livro de C. J. Tudor.