"As Filhas do Capitão" de Maria Dueñas (OPINIÃO)


Terminei este livro ontem à noite, e estou com a sensação de ter viajado no tempo. Sinto saudades das três irmãs Arena, jovens mulheres que com garra e determinação venceram em terra que lhes era estranha. Adorei este livro. Maria Dueñas já tinha levantado um pouco o véu em junho, quando tive o prazer de estar à conversa com ela (ver aqui). Mas sinceramente, o que descobri ao ler "As Filhas do Capitão" foi muito mais.


É um livro extraordinário, muitíssimo bem escrito (e bem traduzido!) cuja história nos leva para um bairro de Nova Iorque em 1936, para o seio de uma família de imigrantes espanhóis. As três filhas de Emilio Arena, e a sua mulher, Remédios, vieram juntar-se a ele para tentar a sorte em solo americano. Mas quis o destino que a vida lhes tire o tapete debaixo dos pés. Ao verem falhados os seus planos de rápido regresso à Terra Mãe, não lhes resta senão arregaçar as mangas e enfrentar o mundo de trabalho nova iorquino. É então que acompanhamos Victoria, Mona e Luz, três jovens na flor da vida, cujo brilho não passa despercebido a ninguém, e que deixam marca nas vidas de todos os que com elas acabam por privar.

Desde Afonso, Príncipe das Astúrias e Conde de Covadonga, a Xavier Cugat e a sua orquestra no Waldorf Hotel, e outras interessantes e icónicas personagens, este livro é mais do uma simples história de ficção, é o registo fiel de uma época, de uma geração de emigrantes espanhóis nos Estados Unidos da América, das suas vidas e das suas conquistas.

Não podendo revelar muito mais sobre a história, pois surpresas há muitas, digo-vos que este é provavelmente o melhor dos livros de Maria Dueñas, ultrapassando mesmo o meu anterior favorito, "O Tempo Entre Costuras". Noto-lhe uma grande qualidade, tanto na escrita, como na pesquisa que a autora teve de levar a cabo para encaixar esta história numa época e lugar sem grandes registos, meio clandestina.

Um coisa é certa: é um dos melhores livros deste meu ano literário. E as filhas do capitão, acreditem, não me saem da cabeça. Continuam nos seus afazeres pelas ruas de Nova Iorque nos anos 30. É um livro que não podem deixar de ler! Absolutamente maravilhoso.
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