"O Fim da Solidão" de Benedict Wells (OPINIÃO)

Este é daqueles livros que apesar do seu tom melancólico, por vezes triste, não nos contagia. Muito pelo contrário, é exatamente esse tom que nos conquista, que nos enternece e nos faz apreciar ainda mais a leitura.

"O Fim da Solidão" conta-nos a história de três irmãos, dois rapazes e uma rapariga, que ficam orfãos de ambos os pais devido a um acidente automóvel. Na impossibilidade de algum familiar ficar com eles, são encaminhados para um colégio interno, e obviamente separados por idades. Mas não pensem que se trata daquelas histórias terríveis sobre orfanatos e crianças maltratadas. Não tem nada a ver com isso.

A história vai-nos sendo contada por Jules, o mais novo. Aos poucos os irmãos afastam-se, como se quisessem esquecer o elo que os une, e Jules dá por si quase como um mero observador da sua própria vida. A sua única amiga, Alva, é a sua companheira de aventuras e leituras, que de certa maneira compensa a falta dos irmãos, durante o tempo de internato. Ela também tem uma história que a torna diferente dos demais, e em Jules encontra o companheiro ideal. Quando a escola termina, eles também acabam por se afastar, e Jules vê-se novamente sozinho. A vida continua para os três irmãos, e o leitor continua a acompanhá-la através do relato das introspeções de Jules, pontuado pelas memórias do tempo antes da morte dos pais.

Na realidade, e não há como fugir ao tema, a infância é sem dúvida uma das fases mais importantes das nossas vidas. O que nos acontece nesta fase acaba por condicionar a nossa maneira de ser, a forma como encaramos as coisas.
«Uma infância difícil é como um inimigo invisível. Nunca se sabe quando nos vai atingir.»
Apesar de todas as voltas e reviravoltas, os três irmãos acabam por se reencontrar num lugar comum, feliz, e construir uma vida onde cada um deles tem o seu espaço.

Esta foi uma leitura muitíssimo interessante. É sem dúvida uma pequena pérola no infindável mundo literário contemporâneo. Transborda o tom melancolicamente doce, de tal forma que não tenho dúvidas nenhumas que o seu autor tem uma alma velha (com todo o belo significado da expressão). Recomendo com todo o coração.

P.S. Adorei as referências a livros, que devidamente anotei para mais tarde ler.

P.S.2 Acho a capa perfeita. Adorei. Parece quase uma pintura.

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