Opinião: "Traição" de V. S. Alexander

Este novo livro do autor de A Provadora (que adorei) consegue trazer um novo olhar sobre a Segunda Guerra Mundial. Confesso que estou um pouco farta das últimas abordagens ao tema, a que eu chamo de "as profissões de Auschwitz". O mágico, o tatuador, o carteiro, o voluntário, o fotógrafo, a bailarina, o farmacêutico, a bibliotecária, o sabotador, o contabilista*, para além de o bebé, os bebés, as irmãs, as gémeas, o rapaz e a última testemunha. Atenção, todos estes nomes são títulos verídicos de livros ou filmes* publicados recentemente! 

Bem, como estava a dizer, estando um pouco farta desta abordagem, mas continuando a gostar do tema, procuro sempre algo diferente. E encontrei-o neste livro de V. S. Alexander. Desta feita através de uma história ficcionada inspirada num movimento de resistência de alemães contra o nazismo, que existiu mesmo: a chamada Rosa Branca

Este movimento, de inspiração católica, tinha como objetivo abrir os olhos dos alemães contra o nazismo. Faziam-no através de panfletos enviados aleatoriamente por correio, ou deixados em locais estratégicos, a custo de grande risco para os seus escassos membros. Os seus membros mais notórios foram condenados à guilhotina pela Gestapo, e todos eles aparecem no "Traição" de V. S. Alexander. As duas personagens principais são, no entanto, ficcionadas de forma a permitir que o autor consiga manipular a história, embora não a História, atenção. Percebe-se o cuidado que ele tem com aquilo que foi real, quer personagens, quer acontecimentos.

Gostei bastante da escrita deste autor, sóbria, realista embora não dramática, e bastante convidativa à leitura. As personagens são obviamente muito reais, mesmo as inventadas, pelo que entendemos os acontecimentos como passíveis de ter mesmo acontecido. Assim que abria o livro para retomar a leitura, era imediatamente transportada para a época e local.

Foi um livro em que mais uma vez aprendi imenso. Nem todos os alemães se renderam ao nazismo, embora muito poucos tenham conseguido erguer-se contra essa força bruta e avassaladora que destruiu uma nação e um povo, para além das conhecidas vítimas do próprio holocausto.
Recomendo, sem hesitações. É uma leitura muitíssimo interessante!

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