E cheguei finalmente ao fim desta maravilhosa tetralogia "Amiga Genial". E fica no ar a pergunta, qual delas afinal era a amiga genial? Lenú (Elena Grecco) ou Lila (Raffaella Cerullo, também conhecida por Lina)?
Para mim, a resposta só pode ser uma: Lenù. Para ser a Lila teríamos de acrescentar algumas palavras - a amiga genialmente má. A relação de quase dependência de Lenù por Lila começa no momento em que juntas, por insistência de Lila, subiram as escadas do prédio do Don Achille para irem tentar recuperar as as bonecas. A meio das escadas, Lenù está completamente fascinada com a determinação e coragem de Lila, e quando ela lhe dá a mão, sente que tem ali uma amizade para a vida.
O que Lenù nunca se apercebe, ou talvez o faça tarde demais, é que Lila lhe suga a vida. Quando acha que junto da amiga é que a sua genialidade se revela, ao passo que longe dela não passa de medíocre, o que acontece é completamente diferente. Lila deita-a abaixo, corrói os seus alicerces, desfaz os seus castelos de areia.
Neste último livro Lenù e Lina são ambas adultas, com maridos, amantes, filhos e pais envelhecidos. Ambas vivem no bairro onde nasceram e chegam até a viver no mesmo prédio. Os acontecimentos que surgem nas suas vidas neste livro são perturbadores, e o facto de um ou outro ficar sem resposta tornam-nos ainda mais.
Fico com saudades de acompanhar estas vidas. Dá-me vontade de dar um salto até Nápoles, e visitar cada lugar onde elas poderão ter estado. Sim. No meu intimo eu sei que existiram. De alguma forma, existiram e viveram ali. É sempre um adeus difícil, mas esta autora fá-lo ainda mais complicado para o leitor.
Adorei a saga Napolitana - Amiga Genial. Recomendo, sem hesitações. Deixem-se levar pela história e vejam até onde a história vos leva. Nem vão acreditar.