A ação desenrola-se em Nova Iorque, na época festiva, talvez nos anos 60, se considerarmos a imagem de Mrs. March da capa, mas inclino-me mais para os anos 80, devido a alguns pormenores mencionados ao longo da história.
Mrs. March é a esposa de um autor de sucesso e cujo último livro está a dar que falar. Supostamente foi nela que ele se inspirou para o escrever. Só que a personagem principal é uma horrível prostituta, o se transmite numa terrível afronta para Mrs. March. Este é o mote para que assistamos à viagem alucinada de uma mulher defraudada rumo à loucura e a um trágico desfecho.
Escrito de uma forma absolutamente incrível, esta é uma leitura absorvente, quase doentia, deixando-nos uma inquietude à medida que avançamos no enredo. Não há dúvida, é um livro de estreia magnífico! Fico muito curiosa sobre o que irá escrever de seguida Virginia Feito.
Todo o livro gira à volta de Mrs. March. É ela o narrador, e por essa razão só sabemos o que ela nos conta. Mrs. March é uma pessoa horrível. Detestei-a com todas as moléculas do meu ser. Conseguimos perceber que o seu passado foi altamente perturbante, que a sua mãe contribuiu e muito para a sua maneira de ser, mas não há desculpas plausíveis para a forma como ela trata as pessoas. A sua fachada de mulher irrepreensível é incrivelmente real, até que começam a aparecem rachas inicialmente imperceptíveis, mas depois completamente devastadoras. A meu ver a capa está fenomenal, pois retrata esta mesma ideia.
Não podendo falar mais sobre a história, quero garantir-vos que esta é uma experiência literária fenomenal. É uma leitura fora do normal, que nos transporta para lugares mais escuros, o que apesar de nos causar alguma estranheza, somos compelidos a ler mais e mais. Recomendo!