"Contra o Vento" de Ángeles Caso

Há mulheres que fazem “parte de uma raça de gigantes” parte de “um mundo de mulheres poderosas como montanhas altas” e que não se limitam a apenas passar por esta vida. Vivem-na, plenamente. Agarram-se a ela com unhas e dentes e por mais que as tempestades se abatam sobre si, nunca jamais se permitem vergar nem desistir.
São é uma dessas mulheres.

Ainda na crítica do livro anterior eu dizia que não gostava de histórias verídicas… e no final de ler este livro sou apanhada desprevenida, pois nos agradecimentos da autora percebo que a história de São é absolutamente verdadeira.
Ángeles Caso, a autora, é uma mulher de extrema sensibilidade e ao romancear a vida de São, soube fazê-lo com toda a delicadeza e suavidade.
Logo nas primeiras páginas conquistou-me essa delicadeza, essa suavidade, essa forma de escrita que se desenvolve quase balanceada ao ritmo da respiração.
A história de São não é uma história fácil de digerir. Tal como por vezes não o é a própria vida. Mas é uma história de esperança em que o Amor de Mãe e o fogo de uma mulher que nunca se deixou vencer dá uma lição ao mundo.
Lindo, lindo.

Sinopse:

O romance vencedor do Prémio Planeta 2009, o mais importante galardão literário atribuído em Espanha, narra os infortúnios das mulheres que se recusam a viver a vida que lhe estava predestinada e que, contra o vento do destino, seguem lutando a cada dia que passa.


Ángeles Caso, autora de Contra o Vento, lançado sob o pseudónimo de Virgínia Évora, quem sabe uma mistura eclética entre Cesária Évora e Virgínia Woolf, inspirou-se na ama da sua filha, São, uma cabo-verdiana que emigra primeiro para Portugal e daqui para Espanha, para escrever a obra vencedora do Prémio Planeta 2009.
Baseada nesta e em muitas outras mulheres emigrantes, o livro trata da luta de todas elas contra o vento da miséria, dos maus-tratos, da inexistência de oportunidades profissionais e dos sonhos frustrados.
Comovente e ao mesmo tempo repleto de esperança, Contra o Vento, que segundo a autora dá voz às heroínas do século XXI, as mulheres emigrantes que chegam para “cuidar de nós, dos nossos filhos e dos nossos velhos”, é também um romance sobre a amizade feminina, sobre a força da solidariedade e o poder da música e da dança enquanto forma para superar as dificuldades e a dureza da vida.
Sem esconder o compromisso assumido – primeiro com a literatura, depois com a sociedade, mas acima de tudo com as mulheres, Ángeles Caso confessa que há algo na vida das mulheres que a fascina: a valentia e o fortíssimo sentido de amizade. São, a cabo-verdiana que inspirou a autora e por quem Ángeles Caso nutre uma imensa admiração, é disso exemplo.
Mesmo sem nunca saber a identidade da narradora, é impossível ficar indiferente à história de São, uma história narrada com ritmo e cuja crítica elogia sobretudo pelo realismo da escrita.
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