Neste seu último livro, O Fado da Severa, Maria João conta-nos a história dessa mítica figura do fado, a Severa, e com ela a história de uma Lisboa dividida entre finos paços e ruelas imundas e escuras.
Maria Severa Onofriana era filha de um cigano e de uma mulher da vida, profissão que veio igualmente a abraçar. Tinha uma forma especial de cantar e de "bater" o fado, que lhe conquistou inúmeros admiradores, entre eles alguns nobres, como o Conde de Vimioso que por ela se perdeu de amores. Severa, como era conhecida, vendia o seu regaço mas nunca a sua alma. Por todos era bem conhecida como altiva e impetuosa, mas simultaneamente generosa e cheia de afetos para os que estimava. Longe de ser uma mulher vulgar, Severa é rotulada como a primeira fadista, e foi imortalizada em fados, livros e filmes, tal era a sua fama.
Maria João Lopo de Carvalho soube retratar muito bem a Lisboa boémia daquela época, o antro de prostituição que se vivia no Bairro Alto e Mouraria, assim como os dias festivos de tourada, porque o fado andava de mão dada com estes eventos tauromáquicos.
Ler este livro é fazer uma viagem ao passado com vividas sensações, pelo que desde já louvo o trabalho da autora, não só pelos factos e informações fidedignas. como pela linguagem utilizada que nos conduz numa visita imersiva à época.
É uma leitura extremamente interessante que muito apreciei que recomendo a todos os que quiserem ficar a saber um pouco mais sobre Lisboa e a origem do fado.
Bem haja, Maria João, pelo seu excelente trabalho!