Opinião: "Violeta" de Isabel Allende

"Há um tempo para viver e um tempo para morrer. Entre ambos, há tempo para recordar."

Esta foi uma leitura que só posso definir como tranquila. Apesar de todos os acontecimentos, por vezes bem dramáticos e cruéis, o tom em que está escrito transmite aquela tranquilidade de quem fez as pazes com a vida. Perfeito para as memórias de uma idosa nos seus últimos meses de vida. Falo da personagem principal e narradora deste livro, Violeta del Valle. Mais uma vez, Isabel Allende, consegue a perfeição em forma de livro. Maravilhoso.

Acredito que deve haver muito de Isabel Allende escondido por entre as linhas desta história. Segundo ela, escreveu o livro como homenagem à sua mãe, e aos desafios que foi viver num regime opressão machista. Mas imagino que muito do que é Violeta, é igualmente Isabel. Uma mulher determinada, de bem com a vida, feliz, intensa, inderrubável.

Neste livro acompanhamos a história de Violeta del Valle, desde o dia em que nasceu "uma sexta feira de tempestade em 1920, o ano da peste", até aos seus últimos dias de vida, também num ano de pandemia, 2020. Esta carta / testamento, que deixou ao neto, Camilo, é um registo da sua vida, entrelaçada com os acontecimentos do país onde nasceu, algures na América Latina. Um país como ela diz, onde há sempre grandes calamidades. E elas não faltam neste relato, desde terramotos, guerras, depressão, golpe de estado, ditadura, repressão, e sobrevivência. No entanto é, na mesma medida, um relato de amor e paixão, dor, perda, família, amizade e perseverança

É uma história que nos enche as medidas. Sentimo-nos saciados quando chegamos ao fim. E cheios de esperança. Porque ainda vamos a tempo de mudar as nossas vidas, de dar importância ao que realmente a merece, e de lutar pelos nossos ideais. Adorei! Recomendo sem hesitações. Afinal, é Isabel Allende.

Em www.bertrand.pt

O clube de leitura do meu coração.

 
Copyright 2005-2024 Blogger Template Ipietoon (Adaptado por Fernanda Carvalho - a escrever sobre livros desde 2005)