Este livro foi uma pequena surpresa. Uma história impressionante, narrada de forma sublime, que nos trespassa como uma faca, mas que nos enriquece de beleza ao impulsionar-nos à reflexão.
Claudia Piñeiro é uma exímia contadora de histórias. Atrai-nos com o mistério da história por trás de Mary Lohan, uma mulher que é forçada a regressa ao país que abandonou há mais de 20 anos para fugir de uma tragédia, e depois lança-nos aos lobos. Não há forma de ficar indiferente. Não há como fugir ao sentimento. Quase que a diria bruxa, ou feiticeira das palavras, pois mexe com o nosso interior de uma tal maneira, que é difícil de encontrar noutros autores.
A forma como nos vai contando a história de Mary é como o desenrolar de um novelo de lã que está emaranhado. Temos de o fazer lentamente, parando de vez em quando para desembaraçar alguns nós. E sem darmos por isso, temos o novelo perfeito enrolado nas nossas mãos.
É assim que descrevo este livro. Perfeito. Uma narrativa exemplar, uma história contundente, personagens inesquecíveis. Não necessita nem mais um ponto.