Todos os anos, Laura Bartone se reencontra com os pais, a irmã e o irmão na casa de família, um acontecimento que espera sempre com um misto de entusiamo e ansiedade.
Mas este ano, tudo é diferente. Passa-se algo com Caroline, a irmã. Na primeira noite juntos, Caroline confronta os irmãos com graves alegações sobre a mãe. Surpreendida com as diferentes percepções que os irmãos têm da sua infância, Laura não sabe como lidar com o assunto e não tem a certeza de onde reside a verdade.
Até que uma súbita tragédia obriga toda a família a olhar para o passado, para a culpabilidade de cada um e para a necessidade íntima de amor e perdão que lhes é comum.
A minha opinião:
Todas as famílias têm os seus problemas, os seus "segredos". Ainda há pouco tempo estive a falar com o meu marido sobre este assunto. Todos nós temos o nosso lado bom e o nosso lado mau, e por vezes só em família é que eles se revelam plenamente.
A descrição de família com que a autora "fecha" o livro, é simples e muito, muito verdadeira:
(...) Mas a Hannah, que estava agora no sexto ano, tivera recentemente de escrever uma composição sobre o significado de família. Ela tinha descrito esse trabalho como impossível, o que nem parecia dela. Quando lhe perguntei porquê, disse:
- Porque é demasiado incerto dizer o que é uma família. Está sempre a mudar!
Mas acabou por fazer o trabalho e disse nele uma coisa que achei muito sensata: disse que nascemos na nossa família e que a nossa família nasce em nós. Não há devoluções nem trocas. (...)
E não é mesmo verdade?
Temos de aprender a lidar com a nossa família, pois é a única que temos.
Gostei muito deste livro, que me proporcionou momentos de leitura calma.
Identifiquei-me bastante com a personagem principal, a Laura e adorava ter o atelier dela e de dedicar-me como ela a fazer colchas por encomenda. ;)
Também não posso deixar de referir a relação excepcional que ela tinha com o marido, e com a qual também me identifiquei:
(...) Aquilo que sei sobre mim e Peter é que a chama nunca se extinguirá. Não levanto os olhos da salada que estou a mexer a pensar Oh, meu Deus! Como diabo vim aqui parar? Não olho para a nuca dele a pensar Eu não te conheço. Acordo com o meu companheiro e vou dormir com o meu amante. Ele ainda me causa arrepios, não só sexualmente, mas devido à forma como vê a vida que se desenrola à sua volta. Estou interessada naquilo que ele diz sobre mim e os filhos e os nossos respectivos trabalhos, mas também estou interessada naquilo que ele diz sobre o Médio Oriente e os padrões migratórios das monarcas e a quantidade de noz-moscada que se deve pôr no puré de batata e o impacte que teve na vida de Hitler o facto de ele ser um artista frustrado. Creio que o Pete é um indivíduo verdadeiramente honesto, consciente e bom. Se vivermos mais de uma vez, quero voltar a encontrá-lo. A família que construí com ele é o meu abrigo e a minha espada. Eles são uma outra forma de oxigénio: sem eles, tudo em mim morreria. É aterrador saber que o amor pode ter um tal poder, mas também é compensador.(…)
(Obrigada aviciada por mais esta partilha!)