Um século de História. Um casamento fracassado. Uma paixão no coração da Europa.
Tendo como pano de fundo uma Itália em profunda mudança, atravessada pela Segunda Guerra Mundial e pela queda do Fascismo, As Vinhas da Ilusão é a história de uma mulher e da sua luta para conquistar a independência.
Oriunda da alta aristocracia piemontesa, a família condenara-a aos caminhos tortuosos de um casamento combinado. Mas o destino vai colocar-lhe no caminho o fascinante e enigmático Trott - para que ela desperte da sua vida monótona e aparentemente imperturbável.
Quando se sucedem os encontros clandestinos e os segredos se multiplicam, a fronteira entre a realidade e a aparência, o certo e o errado, a verdade e a mentira passa a ser tão leve como os ventos da Toscana...
Benedetta Cibrario escreveu um romance inolvidável, que obteve em 2008 um dos mais importantes prémios italianos - o Campiello, que consagrou no passado autores como Primo Levi, Ignazio Silone ou Giorgio Bassani.
A minha opinião:
“As Vinhas da Ilusão” é um belo romance, escrito num tom intimista e algo sóbrio. Relata-nos a história de uma mulher, nascida numa Itália monárquica, que enfrenta toda uma sociedade aristocrática, conquistando a sua independência, coisa impensável para a época.
Pela voz dessa mulher, agora com 80 anos, ficamos a conhecer a sua vida, as suas escolhas, as suas dúvidas, as suas conquistas, os seus arrependimentos. É interessante a forma como ela salta entre o passado e o presente, como se tratassem de flashbacks, tão característicos de quando uma mente começa a envelhecer.
É um relato repleto de acontecimentos históricos, mas bem mais rico na análise de sentimentos, narrado num tom tão calmo que deixa perceber a inequívoca melancolia da personagem à medida que os "regressos" ao passado aumentam. Consciente de que o caminho à sua frente se torna também mais estreito e mais escuro, ela descobre então que as coisas nem sempre foram como ela as havia encarado e sem nunca colocar em dúvida as suas decisões, a sua integridade e inteligência, acaba por finalmente compreender e aceitar o que nunca soube ou conseguiu ver.