«Mercede Vitali, da loja de miudezas homónima situada em Bellano na via Balbiani, número 27, era uma delambida escanzelada.
Solteira.
Virgem.
Vegetariana.
Tinha quarenta anos.
Há vinte que não perdia a primeira missa da manhã.
Rezava, e depois ía vender cuecas.»
Claro está que esta introdução me despertou a atenção. Quanto mais não fosse prometia ser uma leitura pitoresca.
E na verdade o tipo de escrita, curto e rápido, levou-me em passo de corrida pela mão até que quando me apercebi me encontrava a meio do livro e no meio de uma tremenda confusão de personagens, envolvidas numa teia de intrigas tal, que nem eu conseguia perceber exactamente onde começava uma e terminava a outra.
(Só me lembro te ter lido um livro deste género, o “Coca-Cola Killer” de Antonio Victorino D'Almeida, que é sem dúvida um livro a não perder!).
Em relação a este livro, acho que tem bastante potencial para ser adaptado ao teatro ou ao cinema, no entanto, sinto que lhe falta qualquer coisa. Talvez organização, não sei. Senti muitas vezes que a história se atrapalhava a ela própria, e os inadvertidos saltos no tempo também não ajudaram.
Apesar de ter sido uma leitura diferente e divertida, não me parece que vá pegar noutros títulos deste autor tão cedo.
Sinopse:
1931. Enquanto a Itália dá os primeiros passos no fascismo, uma pequena cidade situada nas margens do lago de Como está em polvorosa.
Agostino Meccia, o regedor de Bellano, está determinado a implementar na localidade um projecto ambicioso: uma linha de hidroaviões que ligará Como, Lugano e Bellano. O empreendimento dará prestígio à sua administração, atrairá uma multidão de turistas e fará a inveja dos municípios vizinhos. Uma ideia brilhante... não fosse um problema de tesouraria. Porém, contra todas as contestações, Agostino Meccia não se coíbe de exercer o seu poder totalitário, recorrendo aos fundos reservados do município para levar os seus planos avante. Tudo parece estar a correr-lhe de feição, até que as complicações começam a surgir...
Por outro lado, a súbita paixão entre a sua filha, a jovem Renata, e Vittorio, o filho do padeiro Barbieri, ameaça trazer a lume um segredo que porá em causa a honra de ambas as famílias.
Entre escândalos e intrigas, paixões e fraquezas, Andrea Vitali faz desfilar diante do leitor uma miríade de personagens de opereta que compõem este retrato picaresco e absorvente da Itália dos anos 30.