"A Ilha Debaixo do Mar" de Isabel Allende

Há livros que lemos e que no momento a seguir esquecemos. Há personagens que nada nos dizem e que saem da nossa mente tão suavemente como entraram.

E há livros e personagens que nos deixam saudades, no preciso momento em que lemos a última linha da sua história.
Este livro e a história de Tété e de sua família e seus amigos, são um desses casos.

Um dos meus livros favoritos de sempre é Eva Luna, desta mesma autora (e que por sinal tenho de reler em breve!) e cuja personagem nunca me esqueci.
"Chamo-me Eva Luna, que quer dizer ‘vida’ (...) Nasci no quarto dos fundos de uma casa sombria e cresci entre móveis antigos, livros em latim e múmias humanas, mas isso não me tornou melancólica, porque vim ao mundo com um sopro de selva na memória."

Li também a Casa dos Espíritos e vi o filme, pelo qual me apaixonei, e ainda me lembro das mulheres daquela família (Clara, Blanca e Alva), mas passados uns anos, quando peguei em "A Soma dos Dias" a desilusão instalou-se em mim. Senti-me quase que defraudada, pois a magia que me tinha envolvido com Eva Luna não se encontrava ali.
Desiludida (leia-se quase zangada) não voltei a pegar em nenhum livro de Isabel Allende. Até agora. Quando achei que esta birra não fazia sentido e que estava a perder leituras magníficas.
E pronto. Embarquei rumo a Saint Domingue e conheci a Tété. E encontrei novamente a mesma magia sedutora e envolvente de Eva Luna e da Casa dos Espíritos. :)

Nesta história Isabel Allende aborda o tema da escravatura em finais do séc. XVIII, e pela mão da pequena Tété, ficamos a conhecer como nasceu o Haiti, naquela altura conhecido por Saint Domingue. A opressão dos colonos franceses, as plantações de cana de açúcar, a escravatura e finalmente a rebelião dos escravos que dizimou milhares, tanto de um lado como do outro. Nessa altura viajamos com Tété rumo a Cuba e mais tarde para Nova Orleães no Louisianna, ainda colónia espanhola, prestes a ser vendida aos franceses e uns anos mais tarde à América do Norte.

A vida de Tété, os seus sofrimentos, as suas paixões, a forma simples e honesta como encarava a vida, a sua integridade como pessoa, a sua fragilidade e a sua força, são sem dúvida as principais razões que nos levam a ler com avidez cada página desta sua história.

«Todos temos dentro de nós uma insuspeita reserva de força que emerge quando a vida nos põe à prova.»

É uma história lindíssima que não irei esquecer.

(Obrigada querida Betita por este empréstimo!)

Sinopse:
Para quem era uma escrava na Saint-Domingue dos finais do século XVIII, Zarité tinha tido uma boa estrela: aos nove anos foi vendida a Toulouse Valmorain, um rico fazendeiro, mas não conheceu nem o esgotamento das plantações de cana, nem a asfixia e o sofrimento dos moinhos, porque foi sempre uma escrava doméstica.
A sua bondade natural, força de espírito e noção de honra permitiram-lhe partilhar os segredos e a espiritualidade que ajudavam os seus, os escravos, a sobreviver, e a conhecer as misérias dos amos, os brancos. Zarité converteu-se no centro de um microcosmos que era um reflexo do mundo da colónia: o amo Valmorain, a sua frágil esposa espanhola e o seu sensível filho Maurice, o sábio Parmentier, o militar Relais e a cortesã mulata Violette, Tante Rose, a curandeira, Gambo, o galante escravo rebelde… e outras personagens de uma cruel conflagração que acabaria por arrasar a sua terra e atirá-los para longe dela. Quando foi levada pelo seu amo para Nova Orleães, Zarité iniciou uma nova etapa onde alcançaria a sua maior aspiração: a liberdade. Para lá da dor e do amor, da submissão e da independência, dos seus desejos e os que lhe tinham imposto ao longo da sua vida, Zarité podia contemplá-la com serenidade e concluir que tinha tido uma boa estrela.
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