"Para Ti" de Luísa Castel-Branco

Já experimentaram ler um livro só pelo gosto de o ler?
Quando as frases que um autor debita soam a algo que possa ter saído da nossa alma, quando a delicadeza das palavras nos toca o coração, nessas alturas, sim, dá gosto ler e reler, até que as palavras se enrolem debaixo da nossa roupa e nos façam cócegas na pele.
Para mim, Luísa Castel-Branco é uma dessas autoras. Adorei os outros dois livros que li dela, embora "Alma e os Mistérios da Vida" me tenha conquistado bem mais, do que o "Não Digas a Ninguém".
Quem gosta de escrever normalmente fá-lo de uma forma automática. Quando se sente em baixo, quando se sente feliz, quando tem problemas, quando se encontra em dúvidas. Eu pelo menos sou assim. Para mim a escrita é uma óptima terapia. Ao que parece para a autora também. Neste livro “Para Ti” ela não nos conta uma história. Trata-se de um conjunto de textos que a Luísa Castel-Branco foi escrevendo ao longo da vida, cheios de significado, alguns com uma nota melancólica, outros com alegria, mas todos eles cheios de alma, de coração, pois é assim que ela escreve.
Este livro é ele todo uma pérola! Do princípio ao fim.

Deixo-vos aqui um dos textos, intitulado "É isto a vida". Lindo.

«O coração tem mil formas de se despedaçar, mas é como se tivesse só uma. Uma única. Porque a dor é a mesma e não muda, não se transforma. Quando sofremos, é como se o coração se partisse em mil bocados e se apartasse do nosso corpo ao mesmo tempo, deixando-nos sem ar, sem força para viver, sem nada.
As dores do amor, da desilusão, todas as dores do mundo acabam ali. Um aperto no peito e depois uma explosão. Uma e outra vez. Talvez a vida endureça o coração. Talvez Deus nos tenha dado a capacidade de sobreviver àquilo que muitas vezes parece impossível, só para percebermos que efectivamente podemos reconstruir-nos e levantarmo-nos de novo. O ser humano é capaz de coisas surpreendentes. E por vezes tão simples como continuar em frente, como voltar a amar e acreditar e jurar que é para sempre aquilo que é tão fugidio como areia entre os dedos.
A verdade é que ninguém nos preparou para a vida, e não seremos nós que o vamos fazer com os nossos filhos. Dizer o quê? Para quê? Não se pode defender ninguém da vida todo o tempo.
E depois quem nunca amou, quem nunca chorou e sofreu, nunca será um ser humano completo. Há um preço a pagar por todas as gargalhadas, pelo nascer de cada dia, o beijo trocado, a amizade nos momentos mais difíceis. Há a magia de estar vivo e aprender com todas as dores. É isto a vida.»

Sinopse:

Luísa Castel-Branco, jornalista e apresentadora de televisão, tornou-se reconhecida como escritora pela sua sensibilidade e profundo conhecimento das relações humanas. Uma mulher que revela na sua escrita uma grande riqueza interior e cultural, marcada ainda pela sinceridade das introspecções, e atenta contemplação do mundo, revelando um permanente deslumbre perante a vida e as pessoas que cruzam os nossos caminhos.
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