Há já algum tempo que não me sentia assim tão envolvida numa leitura.
Maggie O'Farrell escreveu sem dúvida um livro poderoso. Revoltante, intrigante, perturbador e estranhamente inspirador.
A história toca em diversos pontos, todos eles tão importantes quanto controversos, mas de uma forma absolutamente magistral a autora consegue abordá-los sem emitir qualquer espécie de moralidade ou juízo de valor. Com um tipo de escrita muito feminino e um tom melancólico, quase diria com uma nota de tristeza, a história é-nos contada ora por Esme, que frequentemente se abandona em recordações, ora por Kitty, gravemente afectada por Alzheimer, e que mal consegue manter um discurso coerente. Intercalada vem a problemática vida de Iris, a sobrinha-neta de Esme, que aos poucos consegue reconstruir a história da sua família.
Estas personagens, que vamos conhecendo muito superficialmente, tocam-nos profundamente. Principalmente Esme. Provoca-nos simpatia, pena, admiração, curiosidade e ao mesmo tempo receio. O mistério que envolve o seu desaparecimento choca-nos e não é de admirar que seja difícil pousar este livro depois de o começarmos a ler. O final, preparem-se, é extraordinariamente assombroso!
Muito, muito bom! Recomendo.
Para mais informações sobre este livro pode consultar aqui ou no site da Editorial Presença.
Podem também começar a ler as primeiras páginas aqui.