Quando um livro é anunciado como “o melhor do ano”, eu desconfio.
Vocês não? Talvez por isso tenha tardado tanto em pegar-lhe. Mas depois de algumas
amigas mo terem aconselhado e falado dele com tanto entusiasmo, percebi que não
podia deixá-lo de lado. E realmente, se não é um dos melhores do ano, fica lá bem
perto.
A história é aparentemente simples, mas encerra uma riqueza
extraordinária. Não só a nível de conteúdo histórico, como a nível de
significado e sentimentos.
Uma amizade entre dois adolescentes de ascendência asiática
(um chinês e uma japonesa) transforma-se em algo mais profundo. Essa amizade consegue sobreviver não só à abismal diferença cultural entre ambas as suas famílias, como a uma época conturbada, que deverá, ainda hoje, envergonhar
muitos americanos - o período pós-Pearl Harbor em que milhares de
nipo-americanos foram retirados das suas casas e despejados da maioria dos seus
bens, para serem realojados em verdadeiros campos de concentração.
A ação divide-se em dois espaços temporais distintos: 1986,
altura em que Henry, recente viúvo, retoma a amizade com o seu filho e
simultaneamente recorda o seu primeiro amor, Keiko, e 1942, após o ataque de
Pearl Harbor e a consequente entrada dos E.U.A. na II Guerra Mundial.
Escrito de uma forma extremamente doce e gentil (quase que
conseguimos ouvir Henry na sua narrativa, calma e ponderada), é um registo extraordinário sobre
essa época, e simultaneamente um hino a dois dos povos que constituem parte da
sociedade americana dos nossos dias.
A não perder.
E porque ler é também aprender, podem ler mais informações sobre o assunto consultando aqui sobre o ataque a Pearl Harbor e aqui sobre os campos de concentração americanos.
Campo de Manzanar na Califórnia |
Família nipo-americana a caminho do campo de concentração |
Campo de Manzanar na Califórnia |