Opinião: "A Última Criada de Salazar" de Miguel Carvalho


Rosália tinha apenas 14 anos quando foi contratada para servir sob as ordens de Maria em São Bento. É muitas vezes mencionada como “a pequena que fazia rir Salazar”. Um Salazar diferente daquele que nos habituámos a reconhecer como um ditador implacável. Um Salazar mais humilde, mais humano. É a história dos últimos anos desse Salazar que nos é apresentada neste livro.

Miguel Carvalho construiu esta obra com base em diversas publicações, incluindo documentos e artigos da imprensa da época. O resultado é um livro fabuloso, escrito com uma imparcialidade notável. Miguel Carvalho soube entrelaçar os factos conhecidos com as recordações de Rosália, obtendo um timbre mais pessoal e íntimo. O testemunho de Rosália é precioso, pois ela foi alguém que esteve lá, perto dos que encerravam o poder nas suas mãos. Ela testemunhou, em primeira fila, muitos dos acontecimentos que marcaram os últimos anos de vida de Salazar, foi inclusive a única criada presente no quarto do ditador aquando da sua morte. Na sua inocência e juventude, Rosália fez parte de um conjunto de criadas que sob o jugo apertado de dona Maria, a governanta, pode apreciar uma vida um pouco diferente da que se vivia fora dos muros de São Bento. Como era Salazar na intimidade? Qual a sua relação com dona Maria? O que realmente aconteceu aquando da famosa "queda da cadeira" no forte do Estoril? 
Cheio de revelações e pormenores sobre o dia-a-dia da casa de Salazar, este é realmente um livro fabuloso, que me deu imenso prazer ler.

Miguel Carvalho, jornalista e autor, conquistou-me em absoluto e espero reencontrá-lo brevemente noutras publicações do género. Um excelente trabalho! Parabéns.

Para mais informações sobre este livro, espreite aqui.
Em www.bertrand.pt

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