Quando eu era miúda havia uma história que se contava sobre
um cão. Hoje reconheço que se tratava provavelmente de um daqueles mitos
urbanos, em que uma história com um fundo real há muito se diluiu na imaginação
de quem a conta, mas era uma história que eu adorava e pedia para a minha mãe
ma contar vezes sem conta…
Um senhor já com uma certa idade ensinou o seu cão a ir às
compras sozinho. Ía à mercearia e ao talho levando um cesto com a lista e o
dinheiro. Os comerciantes até achavam piada à situação pelo que não só aviavam a
lista e a colocava dentro do cesto junto com o troco, como até davam uma
guloseima ao simpático canídeo. Acontece que a determinada altura o cão começou
a demorar-se um pouco mais nas suas viagens e as compras do talho não vinham
completas. O dono estanhou pois confiava no cão e no homem do talho. Decidiu
então seguir o seu amigo no dia seguinte. Sem o deixar aperceber-se, seguindo-o
com uma grande distância, viu-o ir à mercearia e ao talho, iniciando depois o
seu regresso a casa. No entanto, ao invés de vir pelo caminho habitual, o cão
virou numa rua. O dono estranhou pelo que se dirigiu à boca dessa rua mas não
viu o cão em lado nenhum. Decidiu então voltar a tentar no dia seguinte. Assim
que o cão saiu de casa para os habituais recados, o dono dirigiu-se de imediato
para a dita rua e escondeu-se num vão de escada. Passado algum tempo lá passou
o seu de cesto na boca. Viu-o então dirigir-se a um prédio devoluto e entrar
por um buraco na porta. O dono saiu do esconderijo e foi espreitar a uma
janela. O quadro que lhe surgiu diante dos olhos era inacreditável. O cão
retirava com cuidado um dos sacos do talho e entregava-o a uma cadelinha
esfomeada. A um dos cantos um monte de jornais remexia-se… era uma ninhada de
cachorros, aflitos a choramingar com a súbita ausência da mãe.
A história terminava deixando a conclusão à mercê de quem a
ouvia.
Conseguem então imaginar o que senti ao ler este livro?
A história nada tem a ver com esta, é óbvio, mas o espírito é
o mesmo… o amor pelos nossos amigos de quatro patas e a maravilha que é o seu
amor por nós.
Deliciei-me a ler estas páginas. Passei o tempo todo aos “ohhh
que fofinhos…” e de lagrimeta no olho, pois na realidade este autor tem uma
capacidade incrível nos levar para a cena num abrir e fechar de olhos.
Já o tinha constatado em Teu Para Sempre, outra maravilhosa história
de amor canino, e sei que W. Bruce Cameron é um autor cujas publicações vou querer
sempre ler.
Não percam a oportunidade de se perderem de amores por uma
ninhada de cachorros e ver como alguém que nunca teve um cão, se desenrasca
como “pai à força”, ao mesmo tempo que resolve a sua própria vida.
ADOREI!!
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