Este livro é como uma fotografia perdida no tempo, que se esfumaça na névoa da memória, e que ao ser recuperada, trás de volta ao presente um passado que até nem foi.
Màxim Huerta escreve maravilhosamente bem.
Se eu fosse de sublinhar livros, acho que este livro estaria todo sublinhado. Ele brinca com as palavras e a sonoridade, da mesma forma que um fotógrafo joga com as cores e sombras para obter a melhor fotografia.
A história envolve-nos. Quase como se fossemos desfiando um novelo, e à medida que avançamos, novas cores se revelam. Absolutamente maravilhoso.
«Sempre admirei as mulheres, têm uma espécie de eletricidade que as liga simplesmente quando dão as mãos, apertam-se e partilham os sentidos e, com a dissimulação que a naturalidade dos seus genes lhes dá, entendem-se através do olhar, não lhes fazem falta as palavras.»
O mundo feminino está vincadamente presente na vida de Justo, a personagem principal, ou não tivesse sido ele criado por uma mãe e nove tias. Mas essa convivência, e um suposto segredo de infância, condicionaram a sua vida adulta. Com ele e com as suas memórias, vamo-nos aproximando da verdade, que mais para o final do livro, e com a ajuda do passado revelado no presente, não é exatamente como ele a conteve.
Um livro maravilhoso que recomendo sem hesitações.
Aguardo que mais livros deste autor se revelem em Portugal.