Para já está escrito mesmo como eu gosto. De forma organizadinha, alternando entre o passado e o presente e entre duas histórias distintas que vêm a unir-se no final.
O tema é absolutamente assombroso. Arrepiante, enervante, baseado em factos verídicos, o que nos leva ainda mais àquele ponto de ebulição. Juro que houve alturas que tive de parar com a leitura e ir arejar. Mas não se deixem intimidar pela minha reação. Isto acontece-me com certas situações de injustiça (por exemplo, com grande pena minha não consegui ver o filme "12 Anos Escravo").
Passo a explicar um pouco da história para que percebam o que quero dizer...
Clara Cartwright tem 18 anos quando em 1930 é internada num asilo para doentes mentais. Mas Clara não está doente, nem sofre de nenhum problema mental. O único problema que Clara teve foi o facto de enfrentar o seu pai, recusando-se a casar com um homem que ela não amava. Embora o dito asilo tivesse boas condições, pois era particular, as situações e os "tratamentos" a que Clara é sujeita são arrepiantes. O que realmente me chocou, é pensar que casos como o que é relatado neste livro eram recorrentes naquela época. É assustador imaginar sequer que uma mulher podia ser internada num local destes, contra a sua vontade, só porque ousava desobedecer ao seu pai ou marido, ou teria atitudes vistas como menos corretas numa sociedade mais polida. Impressionante, mesmo!
Acho que a autora foi, como o seu nome indica, muito sábia. Ela soube intercalar as histórias de Clara e de Izzy (no presente) de forma a quebrar os picos emocionais provocados pelos relatos dos capítulos de Clara.
Adorei. Não tenho outra maneira de vos explicar o quão bom é este livro. Um verdadeiro "page-turner" que me fez perder horas de sono. Mesmo muito bom! Recomendo sem hesitações.