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Opinião: "Enquanto Salazar Dormia" de Domingos Amaral

Sou naturalmente emotiva, por isso é normal que também vibre com o que leio. Rio-me, choro, zango-me, frustro-me, fico alegre, triste, chateada, incomodada… mas esta nunca me tinha acontecido! Ao chegar às últimas páginas deste livro dei por mim a ficar arrepiada. Juro! Foi uma reação fabulosa para uma leitura igualmente fabulosa.

Adorei o livro, escusado será dizê-lo. Já tinha lido uma ou outra coisa de Domingos Amaral, mas era algo de superficial, que me levou a concluir que o autor, apesar de escrever bem, precisava de encontrar um bom tema. E parece-me que o encontrou!!!

É como vos digo, adorei esta leitura. Foi fácil, pois o enredo está muito bem organizado e tem imensa ação. Mas acima de tudo, e a condizer com a personagem principal (um espião), é uma leitura que ao mesmo tempo que nos diverte, assume discretamente uma vertente pedagógica, transformando em romance uma realidade que nos atingiu e que graças à habilidade de Salazar conseguimos ultrapassar. Logo nas primeiras páginas nos vimos lançados para 1941, em plena Segunda Guerra Mundial,  aterrando, como tantos refugiados, numa Lisboa diferente da que hoje conhecemos.

É neste mundo onde quase nada do que parece é, que Jack Gil Mascarenhas, um luso-inglês, valsa habilmente entre espiões e contra-espiões. Esta personagem, que pelo que entendo iremos reencontrar no livro "O Retrato da Mãe de Hitler", que está a ser editado agora pela Casa das Letras, é sem dúvida o motor que leva este barco a bom porto. Muitíssimo bem construída, aparece-nos nos dias de hoje, com a bela idade de 85 anos, numa Lisboa que não reconhece mas que o faz recordar o passado. É na forma destas memórias que nos é apresentado Jack Gil, um verdadeiro James Bond à portuguesa (na época de Sean Connery, obviamente!) e as suas aventuras e romances por Portugal.

Com um enredo realmente fantástico e uma narrativa que nos prende, é um livro que não podem deixar de ler. Eu lamento apenas ter pegado nele na sua 19ª edição, mas ainda fui a tempo! ;) Agora resta-me aguardar pelo próximo.

Para mais informações sobre este livro podem espreitar aqui.

Em destaque: "Enquanto Salazar Dormia" de Domingos Amaral

Em antecipação ao novo livro de Domingos Amaral, "O Retrato da Mãe de Hitler", divulgo o livro que o antecedeu, e que foi um verdadeiro sucesso editorial: “Enquanto Salazar Dormia”, agora na 19ª edição!

Sinopse:
Lisboa, 1941. Um oásis de tranquilidade numa Europa fustigada pelos horrores da II Guerra Mundial. Os refugiados chegam aos milhares e Lisboa enche-se de milionários e actrizes, judeus e espiões. Portugal torna-se palco de uma guerra secreta que Salazar permite, mas vigia à distância. Jack Gil Mascarenhas, um espião luso-britânico, tem por missão desmantelar as redes de espionagem nazis que actuavam por todo o país, do Estoril ao cabo de São Vicente, de Alfama à Ericeira. Estas são as suas memórias, contadas 50 anos mais tarde. Recorda os tempos que viveu numa Lisboa cheia de sol, de luz, de sombras e de amores. Jack Gil relembra as mulheres que amou; o sumptuoso ambiente que se vivia no Hotel Aviz, onde espiões se cruzavam com embaixadores e reis; os sinistros membros da polícia política de Salazar ou mesmo os taxistas da cidade. Um mundo secreto e oculto, onde as coisas aconteciam "enquanto Salazar dormia", como dizia ironicamente Michael, o grande amigo de Jack, também ele um espião do MI6. Num país dividido, os homens tornam-se mais duros e as mulheres mais disponíveis. Fervem intrigas e boatos, numa guerra suja e sofisticada, que transforma Portugal e os que aqui viveram nos anos 40.

Excerto:
"Nada, de repente, existia. A não ser Lisboa, cinquenta anos atrás. A minha Lisboa, onde amei tanto e tantas vezes. A minha Lisboa, das pensões e dos espiões, dos barcos ingleses e dos submarinos alemães; a Lisboa das ligas da Mary em cima de um lençol branco; a Lisboa dos cocktails no Aviz enquanto eu perseguia Alice; a Lisboa do penteado "à refugiada" da minha noiva, a Carminho; a Lisboa dessa menina linda, frágil e alemã, Anika, por quem arrisquei o pescoço; a Lisboa de Michael..."

Sobre o autor:

Domingos Freitas do Amaral é director da revista GQ, e cronista dos jornais Correio da Manhã e Record. Formado em economia, e com Mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Columbia em Nova Iorque, iniciou a sua carreira jornalística n’O Independente, tendo depois sido director da revista Maxmen. Como cronista, escreveu para o Diário de Notícias, Grande Reportagem e Diário Económico. 

Publicou igualmente cinco romances, todos na Casa das Letras - Amor à Primeira Vista, O Fanático do Sushi, Os Cavaleiros de São João Baptista,Enquanto Salazar Dormia e Já Ninguém Morre de Amor e Quando Lisboa Tremeu. Vive em Lisboa e é pai de duas raparigas e um rapaz.
Em www.bertrand.pt

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