Ángela Becerra tem sido comparada a Gabriel García Marquez, a Isabel Allende e a Paulo Coelho. Conhecendo a obra destes três autores consigo encontrar os pontos em comum e entendo a comparação. No entanto e a meu ver, a forma como ela escreve e a maneira como nos faz chegar a história ao entendimento é demasiado diferente, especial mesmo, ultrapassando os autores citados, apesar de todo o seu protagonismo.
Fiquei logo rendida com o seu primeiro livro “O Penúltimo Sonho” que me arrebatou completamente. Depois devorei “Amores Negados”, um livro de extrema espiritualidade, sensualidade e erotismo. Agora, perante “O Que Falta ao Tempo” quase fiquei sem palavras.
É um romance magnífico, pincelado com cores fortes que nos leva numa surreal viagem através da dualidade humana. Com o pêndulo da pintura em eterno movimento, é-nos apresentada a história de Mazarine e da “sua” Santa Sienna, que por sua vez foi inspirada na verdadeira história de Santa Clara Mártir.
Por um labirinto de emoções, desfila um rol de personagens incríveis, desde pintores e artistas conhecidos de todos os séculos, a uma seita oculta milenar.
Mas neste livro a mensagem subliminar que surge no título, é sem dúvida a sua mais preciosa lição. A eterna pergunta “o que falta ao tempo?”, à qual surge como lugar comum a resposta errada: “tempo”, é definitivamente respondida da única forma possível, e que não vou aqui revelar.
Esta leitura deixa-nos com um gosto de sabor a pouco nos lábios, e apenas nos resta esperar por uma próxima publicação. Ao que parece a autora já publicou um novo romance na sua língua natal. Aguardamos a versão portuguesa para “Ella, Que Todo Lo Tuvo” que já recebeu o Prémio Casamerica 2009.