É um romance levezinho, sem grande desenvolvimento sobre um tema que daria “pano para mangas”: uma simples investigação caseira sobre a história familiar, assume contornos muito mais abrangentes, tornando-se num caso de âmbito internacional, envolvendo diversas entidades particulares e tendo como pano de fundo Lisboa, a cidade internacional, palco de espiões durante a II Guerra Mundial, e estendendo-se por diversas cidades europeias chegando mesmo até ao Havai.
Apesar de tudo isto, achei-o demasiado “aguado”. (devo estar com falta de líquidos! lol com todas estas referências a “sumo”!!). Bem, falta-lhe o suspense, o mistério não é bem aproveitado e o desenvolvimento da história parece não conseguir ultrapassar a vida daquelas três mulheres. Acabei por ficar um pouco desiludida, é verdade, mas não deixa de ser romance agradável, cuja leitura fácil o torna perfeito para uma leitura de esplanada nestes primeiros dias de Primavera.
Deixo aqui uma das breves descrições de Portugal, que pelo contexto onde se insere, presumo se referir mais especificamente ao Estoril e à linha de Cascais:
«Nunca tive tanto calor e nunca vi cores assim. O sol brilha no céu, que é de um azul intenso que nunca vi. Olhar para um jardim com relvados verdes bem cuidados e flores de todas as cores imagináveis pode cegar uma pessoa. Pense no dourado de um narciso de Abril, multiplique-o pelo vermelho mais profundo de qualquer rosa, intensifique a cor que obtiver e pode começar a imaginar Portugal. O perfume das flores está por toda a parte, transportado por uma ligeira brisa. O sol a incidir nos meus ombros ao mesmo tempo que faz resplandecer a água azul do mar é quase um experiência mística. Fico triste por não ser uma pintora suficientemente boa para captar essa intensidade e por ser uma escritora demasiado medíocre para encontrar as palavras certas.»
Três mulheres abandonadas reúnem-se numa noite de Natal: Alex, a jovem herdeira solitária que tem consumido os seus anos à espera que o homem que ama abandone a mulher; Lucy, que espera ansiosa um telefonema do namorado, mais preocupado com a imagem e o estatuto social do que com a relação de ambos; Suzanne, mãe de Lucy, que acaba de receber o mais surpreendente dos telefonemas daquele que, desde há várias décadas e até essa mesma manhã, tinha sido o seu marido…
Aqueles Dias em Lisboa, a história da busca de uma identidade e da busca do amor que começa com este encontro — quando Suzanne entrega à filha uma caixa com recordações da avó, não imagina a busca determinada que ela irá empreender para descobrir uma verdade que ela própria nunca quis conhecer. Quem foi esse homem misterioso que desapareceu em Lisboa em 1942, no turbilhão que assolava então a Europa, deixando grávida a mãe de Suzanne? Que história conta, afinal, esse quadro enigmático, O Tesouro de Henriqueta, com que a jovem professora de pintura ocupava os longínquas tardes da sua gravidez em Cascais e que deixou como única herança à filha? Ao ler o diário da avó, Lucy, ajudada por Alex, empreende uma investigação que as levará da Escócia ao Havai, daí a Paris e finalmente a Lisboa, onde todos os enigmas e todos os corações poderão encontrar respostas. Encontrarão também o amor?