Pela insistência de uma amiga minha, dei-lhe a primeira hipótese com "Amor em Tempos de Guerra" e não me arrependi. Não é de todo um daqueles livros que nos tira o fôlego, nem nada que se pareça. Mas são histórias simples, sobre gente simples. Portugueses, que provavelmente passaram pelo mesmo que os nossos pais e avós na altura do Salazar.
Ainda não cheguei a ler o seu primeiro livro (Os Retornados), mas não perdi a oportunidade quando me surgiu a hipótese de ler este "Longe do Meu Coração".
É um tema diferente, mas lá está, também passado nessa mesma época da qual eu tenho tanta curiosidade. Desta vez o autor aborda a emigração dos portugueses para França e foi interessante perceber como as coisas funcionavam naquela época. Sempre ouvi dizer (e já o senti na própria pele) que os portugueses não são muito amados pelos franceses, e após ler este livro compreendo melhor a situação. Gostei da introdução das fotos e da notória investigação levada a cabo pelo autor. Achei que desta vez fez melhor os "T.P.C.". ;)
Quer-me cá parecer que a história da vida de Joaquim, não foi assim tão ficcionada quanto isso. Joaquim não foi apenas uma pessoa que existiu, mas uma série de gente anónima que se desapaixonou por um país que não lhes dava de comer e saiu para vencer noutro país que nunca os reconheceu como seus filhos adoptivos.
Gostei e vou ficar à espera de um novo livro deste autor. :)
Sinopse:
Joaquim não queria acreditar no que os seus olhos viam. Tinha saído a salto de Portugal, viajado apertado em camionetas de gado, andado quilómetros e quilómetros a pé, à chuva e à neve, quase tinha perdido a vida nos Pirenéus e agora estava ali. Na capital portuguesa em França. O sítio onde, todos lhe garantiam, podia enriquecer e concretizar os seus sonhos. Mas o que via era um bairro de lata. Sentia os pés enterrarem-se na lama. Olhava para as barracas miseráveis e para os fardos de palha que faziam as vezes de uma cama. Mas, Joaquim não estava disposto a baixar os braços. Em Longe do meu Coração retrata com mestria e realismo, o quotidiano dos portugueses que partiram em busca de uma vida melhor, sonhando um dia regressar ricos à terra que os viu partir pobres. Para Joaquim, Portugal estava longe. Era ali, em França, na terra que lhe dava de comer, que queria vingar, que prometia, à força do seu trabalho, derrubar fronteiras e preconceitos. O plano estava traçado. Iria abrir uma empresa de construção, com o seu amigo Albano, enriquecer e, depois de ter casa montada com carro com emblema no capô, estacionado à porta, iria pedir a mão da sua Françoise, a professora de Francês que lhe abriu o mundo das letras e do amor. Mas, cedo Joaquim vai descobrir que há barreiras difíceis de ultrapassar.